Waleska Ribeiro, 20 anos, natural de São Raimundo Nonato (PI), ganhou 26 mil seguidores, somado TikTok e Instagram, após viralizar com um vestido feito de crochê que ela produziu em cinco meses. Entretanto, custando R$ 1,5 mil, o preço dividiu opiniões: enquanto alguns acharam o vestido caro, já outros defenderam o valor para algo feito à mão. Publicado há cinco dias, o conteúdo já conta com mais de 10,3 milhões de visualizações, 1,6 milhão de curtidas e 14 mil comentários.
A empreendedora começa o vídeo mostrando a versão curta da peça e depois revela a versão longa, feita com sete rolos de fio de crochê na cor “Viva Magenta”. O vestido, que custa cerca de R$ 1,5 mil (podendo variar conforme o tamanho), gerou debate nas redes sociais.
“R$ 1,5 mil é um salário. Não daria em um vestido”, comentou um internauta. “Já comprei em outro lugar um de crochê branco por R$ 400 e depois achei o mesmo por R$ 350”, afirmou outro. “Ele é lindo, mas difícil com esse valor”, disse um terceiro.
Enquanto alguns reclamaram do valor, outros elogiaram o trabalho e afirmaram que estava barato. “Menos que R$ 2 mil? Está muito barato!”, destacou um usuário. “Super artista. Esse trabalho não tem preço. Valorizem as artesãs”, acrescentou outra.
“Gente, vocês estão achando caro? Esse vestido demora facilmente 5 meses para ser feito. Ele é produzido totalmente a mão e necessita ser muito bem feito porque o crochê estica. Ela está cobrando barato [sic]”, disse mais uma.
Em entrevista a PEGN, a artesã conta que aprendeu crochê com uma tia aos 12 anos. Em 2023, começou a vender tapetes, mas só passou a se dedicar mais e produzir roupas infantis, tops e blusas, após deixar o emprego de auxiliar de veterinário, em dezembro de 2024.
“Fazia algumas encomendas, mas eram poucas. Não ganhava nem R$ 2 mil por mês”, diz a jovem.
Agora, com o objetivo de aumentar a receita, ela focará em outras roupas. “Essa foi a primeira peça maior que fiz. Postei só para mostrar, não imaginava que ia viralizar”, diz Ribeiro. A inspiração para o vestido veio de redes sociais como Pinterest e o YouTube.
De acordo com a jovem, a peça demorou cinco meses para ser feita porque ela estava estudando e testando a técnica durante o processo. Para as próximas encomendas, o plano é conseguir finalizar em até três meses. Ribeiro já fechou duas encomendas e acredita que terá mais quatro ainda esta semana.
Apesar dos comentários negativos no vídeo que viralizou, Ribeiro afirma que não se importa e que não pretende mudar o valor. “Tem gente que acha caro, mas quem entende sabe que vale até mais”, defende.
Para aumentar seu faturamento, a empreendedora continuará a criação de peças de vestuário, focando em vestidos, tops e blusas.
Como precificar meu produto?
Segundo Antônio André Neto, coordenador acadêmico do MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da Fundação Getulio Vargas (FGV), o preço ideal deve ser composto, no mínimo, por: custo fixo + custo variável + margem de lucro.
O custo fixo inclui gastos como energia, aluguel e funcionários, por exemplo, enquanto o variável envolve materiais, transporte e outros insumos que variam conforme a produção.
Entretanto, para o especialista, há mais coisas que precisam entrar nesta conta. “O preço é o mais alto possível que o cliente estiver disposto a pagar, desde que haja demanda”, afirma.
De acordo com Neto, produtos exclusivos, como peças artesanais, podem começar com preços maiores e o empreendedor ir ajustando conforme a demanda. Já produtos comuns, com uma concorrência maior, devem ter preços mais competitivos.
“Muitos empreendedores começam cobrando baixo, mas o ideal é iniciar com um valor maior e ir testando o comportamento do público”, diz o especialista.
Neto relembra que a percepção de valor conta também e a forma como o produto é apresentado, o atendimento ao cliente e o canal de vendas influenciam o quanto os clientes estão dispostos a pagar.
Dessa forma, a precificação correta exige: controle financeiro, pesquisa de mercado e observação constante da demanda. “O importante é entender o público e saber o quanto ele valoriza o seu trabalho”, destaca.