dezembro 7, 2025

Cadê o Dream Team das sextas?

Na correria do dia a dia, entre trabalho, obrigações e cansaço, muita coisa vai ficando pelo caminho. Mas tem certas tradições que, mesmo simples, sustentam vínculos e fazem a vida ter mais graça. Era assim com o squad formado por Cássio, Marco, Tony e Leandro, que tinham um compromisso inegociável: jogar videogame diariamente na hora do almoço. Mais que um passatempo, era o momento de respiro no meio do caos, aquele ritual que unia os quatro como uma irmandade silenciosa.

Não se tratava só de diversão. Ali rolava apoio, zoeira saudável, conselhos e, claro, competição. Era terapia coletiva disfarçada de partida online. Mas, como acontece com tantas rotinas afetivas, o tempo e as circunstâncias começaram a minar essa prática. E tudo começou quando Cássio, o elo original do grupo, foi se afastando — primeiro devagar, depois quase sumindo.

Ainda assim, havia uma última trincheira: as sextas-feiras. Era o dia sagrado do squad. O famoso “Dream Team” se reunia com energia renovada, com estratégias, piadas internas e aquele sentimento de pertencimento que nenhum chat de WhatsApp substitui. Mas até isso começou a se perder. Cássio foi faltando, e o Dream Team virou lembrança, quase um mito das tardes de sexta.

É difícil aceitar quando algo que fazia tão bem começa a desaparecer. O problema não é só parar de jogar, mas romper com a tradição, deixar de lado um gesto simples que dizia: “estou aqui com vocês”. E, nesse mundo cada vez mais impessoal, qualquer presença sincera é ouro.

As amizades precisam de manutenção. Não exigem muito — às vezes só meia hora de conversa ou uma partida rápida. O que pesa é a constância. O compromisso informal de dizer sim ao outro, de se manter presente mesmo quando tudo chama para o individualismo. Manter tradições é um jeito de dizer: “isso aqui é importante”.

Cássio, que formou o grupo, talvez nem perceba a dimensão do impacto da sua ausência. Mas os laços, mesmo soltos, ainda existem. Basta querer apertá-los de novo. E não se trata de forçar ninguém, mas de lembrar que ali, naquele horário marcado para jogar, não era só o controle que estava nas mãos — era também a escolha de estar junto.

É hora de resgatar o Dream Team. De lembrar por que aquilo começou. O squad pode ter se perdido por um tempo, mas toda tradição pode ser retomada. É só um chamado, como aqueles convites despretensiosos que mudam o dia: “Ligando?”

Tradições não são só memória — são cuidado com o presente

Vitória solo de Marco: “sem os amigos não tem a mesma graça!”

As tradições têm um papel maior do que a gente costuma admitir. São pontos de encontro entre o que fomos e o que continuamos sendo. Reuniões em família, aniversários comemorados, almoços de domingo, partidas de sexta: todos são rituais que ajudam a manter os afetos vivos. Não servem só para lembrar o passado, mas para reforçar laços no presente.

No fundo, repetir algo com quem a gente gosta é uma forma de dizer “eu ainda estou aqui”. Em um mundo onde todo mundo vive com pressa, manter tradições é quase um ato de resistência. E mesmo quando elas parecem bobas ou pequenas — como um jogo na hora do almoço —, carregam significados profundos.

Quando essas práticas desaparecem, o vínculo começa a enfraquecer. Gradualmente, viramos conhecidos de quem já foi parceiro. E, quando nos damos conta, já não temos mais aquele lugar de afeto que antes era tão natural. Por isso, retomar hábitos, mesmo simples, pode reacender conexões adormecidas.

A grande força das tradições está justamente na repetição. No ritual. É ali que mora a segurança emocional, a lembrança de que nem tudo precisa ser reinventado a cada dia. É um descanso saber que, pelo menos em algum momento da semana, há algo conhecido esperando por nós — seja uma conversa, um jogo, uma risada garantida.

Por isso, deixar de lado uma tradição sem motivo justo não é só mudar a rotina — é renunciar a um espaço de encontro, de uma construção conjunta. E resgatar esse espaço não depende de grandes discursos, somente de uma atitude: voltar.

No caso do Dream Team, retomar as sextas pode parecer pequeno, mas seria um sinal forte de que ainda existe espaço para amizade na agenda de cada um. A tecnologia está aí, o jogo continua disponível, e o grupo… bem, o grupo nunca deixou de existir. Só precisa de um novo Cássio entrou no grupo.

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