As pesquisas científicas vêm se reinventando ao longo dos tempos, e com isso, novas metodologias vêm sendo pensadas para dar conta das demandas sociais, que buscam na ciência algumas de suas respostas.
Quando pensamos a temática “metodologia” nessas produções, podemos afirmar categoricamente que o método de revisão bibliográfica é o alicerce da ciência: sem ela, todo novo conhecimento arrisca nascer sob areia movediça, sem embasamento sólido o suficiente para sustentar os dados coletados e os resultados encontrados.
Em um mundo inundado de informações, a revisão bibliográfica não é somente um passo inicial; é o esforço disciplinado de mapeamento do que já se sabe, o que ainda precisa ser melhor explorado, ou mais: identificar eventuais lacunas teórico-conceituais a ser preenchidas em novas pesquisas, mantendo assim viva a chama que ilumina as ciências: o questionamento.
A revisão bibliográfica também possui um caráter ético e epistemológico. Ela evita a ilusão das “novidades absolutas” e simplificações indevidas quando, na verdade, existe um corpo teórico e de evidências previamente estabelecidos. Ao reconhecer trabalhos anteriores e o pesquisador prestar a devida atribuição, demonstrando integridade intelectual, contribui para a redução do risco de plágio.
A revisão da bibliografia sobre um determinado tema, organiza o conhecimento, permitindo que o leitor compreenda melhor os consensos e controvérsias e situe a pergunta de pesquisa no contexto histórico e científico adequado. Sem essa análise, estudos individuais podem reproduzir esforços duplicados, desperdiçando recursos e tempo.
Por meio da avaliação crítica de estudos anteriores, o pesquisador identifica vieses e amostras inadequadas. Essa investigação pormenorizada é uma filtragem imprescindível que orienta escolhas metodológicas, fundamenta a construção de hipóteses mais plausíveis e assegura uma maior robustez às conclusões.
Essa síntese leva a avanços que vão além de resultados isolados, promovendo desenvolvimento teórico que sustenta futuras investigações, facilitando e aprimorando a comunicação científica, servindo de referência para leitores, avaliadores e financiadores.
Ele demonstra que o pesquisador domina a literatura relevante, tem condições de inserir o seu trabalho no debate existente, contribuindo de forma transparente para o crescimento coletivo do conhecimento. A realização de uma revisão bibliográfica requer rigor metodológico: definição de perguntas claras, busca sistemática em repositórios e bancos de dados relevantes. A transparência é crucial: o protocolo de revisão, as fontes consultadas e os critérios de avaliação devem estar documentados para que outros possam reproduzir ou atualizar a revisão.
Dito isso, a revisão bibliográfica não é apenas um dos recursos preliminares recomendados para a construção de uma produção; ela é o fio condutor que dá sentido, credibilidade e direção à pesquisa científica. Sua importância transcende o alcance de qualquer estudo individual, pois norteia o avanço coletivo do conhecimento humano.
Marcella Brito dos Santos é Servidora Pública, Psicanalista, Professora e Pesquisadora. Mestranda em Psicologia pela Unilogos, Pós graduada em Administração Pública e Gestão de Pessoas,Teoria e Clínica Psicanalítica. Graduanda em História pela Uni Fatecie. Autora de artigos científicos, livros e capítulos de livros. Ministra aulas em cursos de Pós graduação, Extensão e Extracurriculares.
