Por Fabrício Ribeiro
Nas últimas semanas, o mundo tem acompanhado com apreensão a escalada das tensões no Oriente Médio, especialmente após o agravamento do conflito entre Israel e Irã. Um confronto direto entre essas duas potências não representa apenas uma crise regional, mas sim um evento com potencial de repercussões globais — econômicas, políticas e sociais.
O Oriente Médio é uma região historicamente sensível, não apenas pelos constantes conflitos geopolíticos, mas também por sua relevância estratégica na produção e exportação de petróleo e gás natural. Qualquer instabilidade nessa região gera, quase imediatamente, reflexos na economia mundial.
Petróleo: o termômetro da crise
O primeiro impacto direto de uma possível guerra entre Israel e Irã recai sobre o mercado de energia. O Irã é um dos principais produtores de petróleo do mundo, membro da OPEP, e possui uma localização estratégica próxima ao Estreito de Ormuz — uma das principais rotas de escoamento de petróleo do planeta, por onde passa cerca de 20% do petróleo comercializado globalmente.
Uma escalada militar pode gerar bloqueios nesse estreito, afetando o fluxo de exportações de petróleo e gás, provocando uma disparada imediata nos preços. O barril de petróleo, que já sofre volatilidade diante de conflitos e tensões internacionais, pode ultrapassar facilmente a marca dos 100 dólares, pressionando economias de todos os continentes.
Inflação global e recessão
O aumento dos custos da energia afeta diretamente a inflação em nível global. Combustíveis mais caros encarecem a cadeia logística, os transportes, a produção industrial e, consequentemente, os alimentos e outros bens de consumo. Economias emergentes, como a brasileira, sentem esse impacto de maneira mais acentuada, uma vez que são mais sensíveis às oscilações externas.
Além disso, países desenvolvidos, que vinham ensaiando uma recuperação econômica após os desafios da pandemia e das crises recentes, podem enfrentar uma nova pressão inflacionária, forçando bancos centrais — como o Federal Reserve (EUA) e o Banco Central Europeu — a manterem ou até elevarem taxas de juros. Isso pode gerar uma desaceleração econômica, freando investimentos, aumentando o desemprego e elevando o risco de recessão em vários mercados.
Instabilidade nos mercados financeiros
O cenário de guerra também gera aversão ao risco. Investidores tendem a buscar ativos mais seguros, como ouro, dólar e títulos do tesouro americano. Isso provoca uma fuga de capitais de mercados emergentes e gera desvalorização de moedas, queda nas bolsas e aumento da volatilidade global.
Setores como aviação, turismo, indústria e tecnologia podem ser diretamente impactados. Empresas com cadeias de suprimento que dependem de matérias-primas ou de logística internacional sentirão os efeitos quase que imediatamente.
Impacto no Brasil
Para o Brasil, os efeitos seriam sentidos principalmente no aumento dos custos dos combustíveis, o que pressiona diretamente a inflação. Além disso, produtos agrícolas, que dependem de fertilizantes — muitos deles oriundos de países do Oriente Médio —, podem ter custos elevados, afetando tanto o agronegócio quanto o preço dos alimentos.
Por outro lado, commodities como soja, milho e carnes podem se beneficiar no curto prazo com a valorização no mercado internacional, já que o Brasil é um dos maiores exportadores mundiais. Porém, esse ganho pode ser anulado pelos efeitos negativos sobre a inflação, juros e câmbio.
Um cenário de incertezas
A guerra entre Israel e Irã não é uma guerra qualquer. Envolve não só interesses diretos desses dois países, mas também o posicionamento de potências como Estados Unidos, Rússia e China, além de impactar alianças econômicas, políticas e militares em todo o mundo.
O cenário global se torna mais complexo, imprevisível e desafiador para empresas, governos e cidadãos. É um lembrete claro de que, em um mundo hiperconectado, um conflito localizado pode gerar ondas de choque que atravessam fronteiras, afetando desde grandes mercados até o preço do pão na padaria do nosso bairro.
O momento exige cautela, planejamento e atenção redobrada dos gestores, investidores e da sociedade como um todo. O mundo observa, com preocupação, os desdobramentos no Oriente Médio, ciente de que os impactos não serão apenas militares, mas também econômicos e sociais — e podem ser duradouros.
Fabrício Ribeiro, PhD h.c em Empreendedorismo pelo International Institute of Business Management & Research Technology, Doutor h.c em Administração de Empresas pela Logos University International, Mestre em Gestão Empresarial pela City University, Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Goiás, Especialista em Relações Internacionais. Conselheiro do CRA-GO e Diretor da ACIEG Jovem. Membro Associado da Harvard Alumni Entrepreneurs, Autor dos Livros: Seja o Administrador da sua História e Felicidade no Trabalho. Recebeu em 2024 uma Citation em Administração pela The Commonwealth of Massacusetts, Boston – USA. Foi também, Pesquisador Científico pela PUC GOIÁS e é Especialista em Felicidade Corporativa.
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