setembro 9, 2025

Cresce número de processos trabalhistas e gestão de pessoas entra em alerta.

Alta de 1,3% nas ações mobiliza mais de 2,2 milhões de brasileiros e expõe falhas na gestão de direitos trabalhistas nas empresas.

A Justiça do Trabalho no Brasil registrou um aumento de 1,3% no número de processos em relação ao ano anterior, totalizando mais de 2,2 milhões de pessoas envolvidas em ações judiciais. Os principais motivos que levam trabalhadores a acionar seus empregadores continuam girando em torno de temas recorrentes: multa do FGTS, saldo salarial e honorários periciais. O crescimento, embora discreto, acende um sinal de alerta para a gestão de recursos humanos nas organizações.

Em um ambiente empresarial cada vez mais competitivo, a gestão de pessoas não pode mais se limitar à contratação e à folha de pagamento. A judicialização de conflitos trabalhistas revela falhas estruturais na relação entre empregador e empregado. Ela também representa um risco financeiro e reputacional para as empresas, exigindo mudanças urgentes nos processos internos e na cultura organizacional.

A reincidência das mesmas reclamações mostra que muitos empregadores ainda pecam no cumprimento de obrigações básicas previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A falta de atenção ao cálculo correto do saldo salarial, o não recolhimento da multa de 40% do FGTS e a ausência de documentação adequada para perícias acabam abrindo caminho para ações judiciais, que poderiam ser evitadas com boas práticas de gestão.

Para especialistas em gestão trabalhista, o crescimento das ações não é apenas reflexo de má-fé de empregados ou de um judiciário acessível, como alguns argumentam, mas sim da precariedade de rotinas administrativas e da negligência no controle de direitos. A ausência de um departamento de recursos humanos bem estruturado ainda é realidade em grande parte das pequenas e médias empresas.

O aumento nos processos também pressiona o Judiciário, que já atua com grande volume de ações e limitações de recursos. Cada novo processo representa tempo e dinheiro que poderiam ser investidos em soluções extrajudiciais. Para as empresas, os custos vão além das indenizações: incluem gastos com advogados, acordos, audiências e até impactos sobre a reputação da marca.

A saída está na prevenção. Organizações que investem em compliance trabalhista, treinamentos para lideranças, políticas claras de direitos e deveres e canais internos de escuta ativa tendem a reduzir significativamente os riscos de ações judiciais. A gestão proativa de conflitos e a valorização do diálogo são ferramentas poderosas e ainda subutilizadas em muitos setores.

Outro ponto de atenção é a terceirização e o uso de contratos temporários ou informais. Quando mal conduzidos, esses modelos tornam-se um foco de judicialização. Empresas devem redobrar o cuidado com a legalidade das contratações, o pagamento de encargos e o respeito às condições de trabalho, independentemente do regime adotado.

O cenário também convida os gestores a olharem com mais atenção para os indicadores de clima organizacional. Ambientes com baixa satisfação tendem a gerar mais conflitos e queixas. Pesquisas internas, escuta ativa e planos de ação corretiva devem fazer parte da estratégia de governança trabalhista.

Por fim, a gestão moderna precisa compreender que processos trabalhistas não são apenas números frios em um relatório jurídico. Eles representam falhas humanas, descuidos administrativos e oportunidades perdidas de fortalecer a relação com quem move a engrenagem da empresa: os colaboradores. Investir em relações de trabalho saudáveis é um diferencial competitivo, mas também um imperativo ético.

Com o aumento da judicialização, as empresas que enxergarem a gestão de pessoas como área estratégica e não apenas operacional estarão mais preparadas para lidar com os desafios do futuro do trabalho, reduzindo riscos e promovendo ambientes mais justos e produtivos.

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