Profissionais responsáveis pela limpeza das cidades enfrentam desafios diários e reivindicam melhores condições de trabalho e reconhecimento.
Celebrado em 16 de maio, o Dia do Gari chama atenção para o trabalho fundamental desses profissionais na manutenção da limpeza e da saúde pública. Presentes nas ruas todos os dias, em diferentes turnos e condições climáticas, os garis são responsáveis pela coleta de resíduos, varrição e conservação de espaços urbanos, contribuindo diretamente para o bem-estar coletivo.
Apesar da importância da função, os trabalhadores da limpeza urbana ainda enfrentam desafios significativos. Salários baixos, falta de equipamentos adequados e ausência de reconhecimento institucional são obstáculos frequentes enfrentados pela categoria. Em muitas cidades, a contratação é terceirizada, o que dificulta a garantia de direitos trabalhistas e benefícios básicos.
Nos últimos anos, a gestão pública de resíduos sólidos tornou-se um tema central nas políticas urbanas. A Lei nº 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, destaca a importância da valorização dos trabalhadores da limpeza como agentes essenciais da sustentabilidade. No entanto, especialistas apontam que a implementação ainda é desigual, com avanços pontuais e grande dependência da vontade política local.
Governos municipais têm papel decisivo na valorização dos garis. Isso inclui não apenas a garantia de remuneração digna e equipamentos de proteção individual, mas também a oferta de capacitação, reconhecimento simbólico e inclusão nas decisões sobre o planejamento urbano. O gari, muitas vezes invisibilizado na rotina das grandes cidades, precisa ser integrado como peça central na engrenagem da gestão urbana eficiente.
A pandemia de covid-19 evidenciou ainda mais o papel estratégico desses profissionais. Mesmo em meio ao risco de contaminação, a atividade não foi interrompida. Muitos garis continuaram nas ruas garantindo a limpeza das vias públicas, hospitais e unidades de saúde, expondo-se diariamente. Esse esforço, porém, raramente foi acompanhado de medidas efetivas de valorização.
Além da remuneração, é fundamental que os garis tenham acesso a condições dignas de trabalho. Isso inclui infraestrutura de apoio nos pontos de descanso, acesso a serviços de saúde ocupacional, acompanhamento psicológico e políticas de segurança no ambiente de trabalho. O excesso de peso nos sacos de lixo, a exposição a materiais cortantes e tóxicos, e a ausência de pausas regulares são riscos comuns enfrentados.
O Dia do Gari também é uma oportunidade para que a sociedade reflita sobre seu próprio papel na limpeza urbana. A maneira como o lixo é descartado impacta diretamente a rotina desses trabalhadores. Respeitar horários de coleta, separar corretamente resíduos recicláveis e evitar o descarte irregular são atitudes simples, mas que colaboram para um ambiente de trabalho mais seguro e eficiente.
A valorização do gari passa, sobretudo, por uma mudança cultural que comece na gestão pública e se estenda à população. Incluir esses profissionais nas campanhas de educação ambiental, dar visibilidade ao trabalho que realizam e criar espaços de diálogo são passos importantes para construir cidades mais humanas e sustentáveis.
Cidades limpas não são apenas o resultado de grandes máquinas ou contratos milionários com empresas de coleta. São, antes de tudo, fruto do esforço cotidiano de homens e mulheres que, com vassouras e carrinhos, transformam o espaço urbano. Reconhecer esse trabalho é dever de toda sociedade e, principalmente, de quem define as políticas públicas.