Em 2025, a desigualdade salarial entre homens e mulheres continua a ser um obstáculo para a equidade no mercado de trabalho, com mulheres recebendo, em média, 20,7% a menos que seus colegas homens.
Apesar das discussões sobre equidade de gênero e dos avanços institucionais nos últimos anos, a diferença de salários entre homens e mulheres ainda é expressiva no Brasil em 2025. Levantamentos recentes apontam que, no setor privado, as mulheres recebem, em média, 20,7% menos que os homens. A disparidade cresce em cargos de chefia, onde elas ganham 27% a menos.
A desigualdade é ainda mais acentuada quando se observa o recorte racial. Mulheres negras, historicamente marginalizadas no mercado de trabalho, ganham em média 35,38% a menos que mulheres não negras. Quando comparadas a homens não negros, a diferença chega a 49,75%. Esses dados revelam que o problema vai além da questão de gênero, envolvendo também fatores raciais e sociais.
A diferença salarial é resultado de uma série de obstáculos estruturais. Entre eles estão o acesso desigual a oportunidades de qualificação, a maternidade vista como obstáculo à ascensão profissional e a concentração de mulheres em setores historicamente menos valorizados. Além disso, práticas corporativas pouco transparentes dificultam o combate à disparidade.
Mesmo quando exercem as mesmas funções, com nível de formação equivalente, muitas mulheres ainda recebem menos que seus colegas homens. A falta de políticas salariais claras permite que critérios subjetivos influenciem nas decisões de remuneração, o que amplia a desigualdade.
Em ambientes de liderança, a presença feminina continua limitada. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas três em cada dez cargos de diretoria ou presidência em empresas privadas são ocupados por mulheres. Nas companhias listadas na bolsa, essa proporção é ainda menor.
O problema é reconhecido por organizações internacionais. Relatório do Fórum Econômico Mundial estima que, no ritmo atual, a igualdade salarial plena entre gêneros só será alcançada no Brasil em 2090. Esse dado evidencia a urgência de medidas mais efetivas e fiscalizações rigorosas por parte do Estado.
Algumas iniciativas tentam reverter o quadro. Empresas que adotam programas de compliance (ações de conformidade com regras de equidade), treinamentos voltados à diversidade e revisão periódica das faixas salariais têm apresentado avanços. Contudo, essas ações ainda são pontuais e concentram-se em grandes corporações.
Especialistas defendem que a solução passa por um conjunto de ações articuladas: maior presença feminina em conselhos e comitês executivos, metas claras de diversidade, transparência nos critérios de remuneração e programas de incentivo à contratação e promoção de mulheres negras e periféricas. A criação de leis que obriguem a divulgação de salários por gênero, como ocorre em países europeus, também é vista como um caminho viável.
A sociedade civil tem papel importante nesse processo. Movimentos feministas, organizações não governamentais e iniciativas de empreendedorismo feminino contribuem para ampliar a visibilidade do problema e pressionar por mudanças estruturais.
Ainda em 2025, o Brasil convive com um paradoxo: mulheres representam a maioria da população com ensino superior, mas continuam recebendo menos por seu trabalho. A equidade salarial não é apenas uma questão de justiça, mas um fator essencial para o crescimento econômico sustentável.
Segundo estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), eliminar a diferença de remuneração entre homens e mulheres poderia gerar um aumento de até 5% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Isso ocorre porque mais mulheres inseridas e valorizadas no mercado significam mais consumo, mais produtividade e mais inovação.
A disparidade de salários, portanto, não é apenas um reflexo do passado, mas uma realidade que compromete o futuro. Corrigi-la exige vontade política, responsabilidade corporativa e uma mudança cultural profunda.