Os Estados Unidos mantêm barreiras tarifárias sobre produtos brasileiros, apesar de avanços nas relações comerciais entre os dois países. As tarifas afetam principalmente o aço, o alumínio, o açúcar e o etanol, impactando diretamente setores estratégicos da economia brasileira.
As medidas foram inicialmente adotadas com base em argumentos de proteção à indústria americana e preocupações com segurança nacional. Desde então, passaram por revisões pontuais, mas continuam em vigor. O Brasil tenta negociar, mas esbarra na postura cautelosa de Washington, que evita concessões unilaterais.
A decisão tem implicações diretas na balança comercial. Em 2024, o Brasil exportou mais de US$ 37 bilhões para os EUA, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O país é o segundo maior destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. No entanto, os setores afetados pelas tarifas observam queda de competitividade.
A tarifa sobre o aço, por exemplo, foi mantida em 25%, mesmo com pedidos da indústria brasileira. No caso do etanol, o Brasil enfrenta cota restrita e tarifa adicional de 20% sobre volumes acima do limite. O açúcar permanece com barreiras similares, o que limita o avanço do setor sucroenergético nos Estados Unidos.
Economicamente, essas barreiras distorcem os fluxos comerciais e impedem ganhos de eficiência. Produtos brasileiros competitivos perdem espaço para fornecedores locais ou de países com acordos bilaterais mais vantajosos. A situação também afeta investimentos, já que incertezas tarifárias desestimulam projetos de longo prazo voltados à exportação.
O Brasil, por outro lado, mantém tarifas elevadas sobre produtos industriais americanos, o que dificulta avanços em acordos de livre-comércio. Especialistas apontam que a eliminação mútua de barreiras tarifárias traria ganhos para ambos os lados, mas exigiria ajustes internos e compromissos regulatórios.
Em termos técnicos, tarifas funcionam como um imposto sobre o produto importado, elevando seu preço no mercado de destino. Isso favorece produtores locais, mas reduz a variedade e encarece o custo para consumidores e indústrias dependentes de insumos.
A questão tarifária entre Brasil e EUA é, portanto, mais econômica do que política. Reflete uma lógica de proteção a setores estratégicos, mas impõe custos à produtividade e à integração global das cadeias de valor. O desafio é avançar em negociações que equilibrem interesses nacionais sem distorcer o comércio internacional.