André Nunes reconhece avanços recentes, mas alerta que trajetória ainda exige cautela.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, André Nunes, afirmou nesta quinta-feira, 9, que a inflação no Brasil ainda está longe de alcançar níveis compatíveis com as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A declaração foi feita durante apresentação do boletim macrofiscal da pasta.
Segundo Nunes, embora os indicadores mostrem alguma desaceleração nos últimos meses, o ritmo de queda ainda não é suficiente para garantir o cumprimento dos objetivos do governo. A meta para 2024 é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
“Os dados recentes mostram avanços, mas a inflação segue pressionada em alguns componentes importantes, como alimentos e serviços. Ainda há um caminho considerável até termos uma taxa plenamente compatível com o centro da meta”, afirmou o secretário.
A avaliação vem em meio a discussões sobre a condução da política monetária pelo Banco Central. Com a taxa Selic em 10,50% ao ano, parte do mercado cobra cortes mais agressivos, enquanto a Fazenda busca reforçar o compromisso com a responsabilidade fiscal para ancorar as expectativas.
De acordo com Nunes, o controle dos gastos públicos e o novo arcabouço fiscal serão fundamentais para sustentar o processo de desinflação. Ele reforçou que medidas estruturais estão sendo implementadas para reduzir pressões inflacionárias de médio prazo.
O secretário também destacou que choques externos, como a recente alta nos preços do petróleo e incertezas geopolíticas, seguem como fatores de risco para a inflação doméstica. “O cenário internacional ainda impõe desafios adicionais à política econômica”, disse.
No boletim divulgado hoje, a equipe econômica revisou levemente para cima a projeção de inflação oficial medida pelo IPCA neste ano, de 3,5% para 3,6%. Para 2025, a estimativa foi mantida em 3,1%, dentro da meta, mas ainda próxima do limite superior.
Apesar do tom de alerta, Nunes afirmou que a política econômica segue no rumo certo e que os fundamentos macroeconômicos estão mais sólidos do que em ciclos anteriores. “Estamos trabalhando para que a inflação continue convergindo de forma sustentável”, concluiu.
O controle da inflação é uma das prioridades da equipe econômica, que busca manter a credibilidade do regime de metas adotado no País desde 1999. A eficácia dessa estratégia depende da coordenação entre política fiscal e monetária.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) será acompanhada de perto, já que o comportamento dos preços continua sendo o principal balizador das decisões sobre os juros.