A partir de 1º de janeiro de 2026, a Prefeitura do Rio de Janeiro deixará oficialmente de emitir a Nota Carioca, adotando o novo modelo de Nota Fiscal de Serviços Eletrônica Nacional (NFS-e Nacional).
A mudança, prevista no art. 62 da Lei Complementar nº 214/2025, é parte da Reforma Tributária e representa uma das maiores transformações na rotina fiscal dos prestadores de serviços em todo o país.
Para médicos autônomos, dentistas, fisioterapeutas e proprietários de clínicas de pequeno porte, essa transição vai além da simples substituição de um sistema: ela impacta diretamente a gestão contábil, o fluxo de caixa e o cumprimento das obrigações tributárias.
Neste artigo, você vai entender como essa mudança afeta o seu negócio, quais cuidados tomar na transição e como aproveitar o momento para otimizar sua gestão financeira e reduzir custos tributários.
Por que a Nota Carioca vai acabar?
A Nota Carioca, criada em 2010, foi um marco na modernização fiscal da cidade do Rio de Janeiro. Ela facilitou a emissão de notas eletrônicas e ajudou a combater a sonegação.
Mas, com o avanço da Reforma Tributária e o objetivo de unificar a arrecadação municipal em nível nacional, o modelo local deixou de ser sustentável.
Com a NFS-e Nacional, o governo busca padronizar o formato das notas em todos os municípios brasileiros, permitindo que profissionais de saúde que prestam serviços em diferentes cidades possam emitir documentos fiscais de forma simples, integrada e sem múltiplos cadastros municipais.
O que muda na prática para médicos e clínicas?
Embora a mudança traga benefícios a longo prazo, é fundamental entender como ela impactará a rotina fiscal. Veja os principais pontos de atenção:
1. Novo sistema de emissão
A emissão da NFS-e Nacional será feita diretamente pela plataforma do Portal da NFS-e Nacional, substituindo o atual sistema da Nota Carioca.
Profissionais autônomos e clínicas precisarão realizar novo cadastro e adaptar seus sistemas de gestão, softwares contábeis ou ERPs para o novo formato.
2. Integração com o Simples Nacional e o RPA
A NFS-e Nacional integrará automaticamente os dados de faturamento com a Receita Federal e com o Simples Nacional, o que aumenta a transparência e reduz erros em declarações como DAS, DCTFWeb e EFD-Reinf.
Para os médicos autônomos que ainda emitem RPA (Recibo de Pagamento Autônomo), a recomendação é migrar para o CNPJ e regularizar a atividade — já que a emissão de NFS-e será obrigatória para a prestação de serviços.
3. Fiscalização mais digital e cruzamento de dados
Com a unificação dos sistemas, os fiscos federal e municipal terão acesso simultâneo às informações, facilitando o cruzamento automático de dados entre notas, declarações e movimentações bancárias.
Por isso, manter a coerência contábil e financeira será essencial para evitar autuações.
Oportunidade: regularização e economia tributária
Se por um lado a mudança exige adaptação, por outro ela abre espaço para planejamento tributário estratégico.
Muitos médicos e clínicas de pequeno porte ainda operam de forma irregular ou no regime menos vantajoso — e a transição para o modelo nacional pode ser o momento ideal para revisar o enquadramento tributário.
Veja alguns pontos que merecem análise:
- Constituição de CNPJ: médicos que atuam como autônomos podem formalizar uma pessoa jurídica (PJ), com economia tributária de até 40% em relação ao carnê-leão.
- Escolha do regime tributário: verificar se o Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real é o mais adequado ao volume de receitas e despesas da clínica.
- Dedutibilidade de despesas: com a emissão da NFS-e Nacional, o controle de despesas dedutíveis se torna mais simples e transparente, melhorando a apuração dos resultados.
- Substituição do RPA: quem ainda usa recibos manuais deve migrar para a emissão eletrônica, garantindo credibilidade e rastreabilidade fiscal.
Como se preparar para a NFS-e Nacional
A melhor forma de evitar problemas durante a transição é planejar com antecedência.
Confira as etapas essenciais para estar pronto até 2026:
- Converse com sua contabilidade – verifique se seu sistema de gestão será compatível com o novo modelo de nota.
- Atualize seu cadastro municipal – mantenha os dados da clínica ou do profissional atualizados para a migração automática.
- Revise o enquadramento tributário – aproveite para reavaliar o regime atual e estimar possíveis economias.
- Treine a equipe – garanta que todos entendam o novo processo de emissão, prazos e obrigações acessórias.
- Digitalize sua rotina contábil – unifique informações financeiras, fiscais e bancárias em um único ambiente.
Essas ações ajudam a transformar uma mudança obrigatória em uma oportunidade de crescimento e profissionalização.
Impacto na rotina contábil e financeira
Com a chegada da NFS-e Nacional, a contabilidade médica tende a se tornar mais integrada, automatizada e precisa.
O profissional que se antecipar às mudanças terá mais controle sobre seu faturamento, menos riscos de inconsistências fiscais e melhor desempenho financeiro.
Além disso, a simplificação do sistema tende a reduzir a burocracia e facilitar o cumprimento das obrigações acessórias, especialmente para clínicas enquadradas no Simples Nacional.
Conclusão: a transição é o momento ideal para evoluir sua gestão
O fim da Nota Carioca marca o início de uma nova era de integração fiscal e transparência para os prestadores de serviços.
Para os profissionais da saúde, isso significa não apenas adaptar-se a um novo sistema, mas revisar toda a estrutura contábil e garantir que o negócio esteja operando no modelo mais vantajoso.
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Autora: Valdirene Ramos é doutoranda em Gestão de Empresas pela Logos University International, com formações em Direito e Contabilidade pelo UNIFESO. É fundadora e CEO da Continnov Contabilidade Digital, onde atua com foco em inovação tecnológica aplicada à gestão contábil e empresarial. Possui especializações em saúde multiprofissional e negócios, com carreira consolidada no atendimento a profissionais liberais e empresas do setor da saúde.
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