Em meio a críticas internas e desafios econômicos globais, presidente dos EUA adota tom mais pragmático, mas mantém postura firme diante de Pequim.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta semana que as tarifas sobre produtos chineses “não voltarão aos níveis mais altos” impostos em seu primeiro mandato, sinalizando uma possível abertura para negociações, embora sem abandonar o tom firme que marcou sua política comercial desde 2017.
A declaração veio após pressões internas de setores da economia norte-americana, especialmente da indústria e do varejo, que alertam para os impactos das tarifas sobre os custos de produção e consumo, em um momento em que os EUA enfrentam desafios inflacionários e instabilidade nos mercados globais.
Mesmo com o tom de moderação, Trump deixou claro que sua postura em relação à China continua estratégica e cautelosa. “Não vamos ceder totalmente. Estamos buscando um equilíbrio que proteja nossos trabalhadores, nossa segurança nacional e nossa independência produtiva”, disse o presidente em coletiva na Casa Branca.
Desde sua volta ao poder, Trump tem sido cobrado a apresentar uma política econômica mais estável, especialmente no comércio exterior. A guerra tarifária com a China, que começou em seu primeiro mandato, causou distorções no mercado global, impactou cadeias de suprimentos e gerou incertezas entre investidores.
Agora, de volta ao cargo, Trump parece buscar uma gestão mais orientada por resultados e menos impulsiva, mantendo seus princípios protecionistas, mas avaliando os efeitos colaterais de medidas extremas. O recuo parcial em relação às tarifas pode indicar uma tentativa de reposicionar os EUA diante da nova dinâmica geopolítica, marcada por uma China mais assertiva e um mundo multipolar.
No contexto da gestão econômica, o presidente tenta equilibrar proteção à indústria nacional com manutenção da competitividade internacional. Parte da estratégia passa por diversificar parceiros comerciais, estimular a produção local e investir em inovação tecnológica para reduzir a dependência da manufatura asiática.
No entanto, economistas e analistas políticos apontam que uma política comercial bem-sucedida exige previsibilidade e estabilidade, dois elementos que foram afetados pela escalada de tarifas nos últimos anos. Com isso, a atual administração Trump precisará adotar medidas mais articuladas, dialogando com o Congresso, o setor privado e os aliados estratégicos.
Internamente, o recuo parcial nas tarifas pode ser visto como um aceno a estados industriais que foram prejudicados pelas retaliações chinesas, especialmente regiões agrícolas e manufatureiras do centro-oeste norte-americano, fundamentais para sua base eleitoral.
Já na China, a resposta ainda é cautelosa. Autoridades de Pequim evitam retaliações precipitadas, mas reiteram que esperam “respeito mútuo” e previsibilidade nas relações comerciais com os EUA. A expectativa é de que os próximos meses sejam marcados por negociações bilaterais discretas, com foco na retomada da estabilidade e redução das barreiras.
Para o governo Trump, o desafio é claro: defender os interesses americanos sem isolar os EUA em um mundo que exige cooperação e integração. A atual posição sobre as tarifas é, ao mesmo tempo, uma tentativa de corrigir os excessos do passado e um teste de maturidade para a nova fase de sua gestão.
Com a economia global em transformação, o futuro das relações entre EUA e China será decisivo não apenas para os dois países, mas para a ordem econômica internacional. E Trump, agora novamente no centro do poder, precisará mostrar que aprendeu com os erros e está disposto a liderar com mais estratégia do que retórica.