setembro 13, 2025

Prévia da inflação de fevereiro registra alta de 1,23%, a maior desde abril de 2022.

Aumento foi impulsionado por reajustes em educação e alimentos; no acumulado de 12 meses, o índice chega a 5,12%.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que funciona como uma prévia da inflação oficial, subiu 1,23% em fevereiro, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta segunda-feira (26). Esse é o maior aumento para o mês em quase dois anos, superando a marca registrada em abril de 2022, quando o índice subiu 1,73%.

O resultado surpreendeu o mercado financeiro, que projetava uma alta em torno de 0,85%. Com isso, o indicador acumula avanço de 5,12% em 12 meses, ultrapassando o teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), fixada em 3,5% para 2024, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Principais responsáveis pelo aumento

O avanço da inflação em fevereiro foi puxado, principalmente, pelo grupo de educação, que registrou uma alta de 6,13%. O aumento é reflexo do reajuste das mensalidades escolares, prática comum no início do ano letivo. Cursos regulares, como ensino infantil, fundamental e médio, apresentaram elevações superiores a 7%, enquanto cursos extracurriculares, como idiomas e informática, também tiveram reajustes significativos.

Outro fator de destaque foi o aumento em alimentos e bebidas, que subiu 1,12%. A alta dos preços de itens essenciais, como arroz, feijão, frutas e carnes, pressionou o orçamento das famílias, especialmente entre as de menor renda. A elevação no preço dos alimentos está relacionada a condições climáticas adversas em algumas regiões produtoras, além da alta no custo do transporte de mercadorias.

O grupo de transportes também teve impacto relevante, com alta de 0,81% no mês. O aumento se deve, em grande parte, ao reajuste nos preços dos combustíveis, principalmente a gasolina, que subiu 2,5%. Passagens aéreas e transporte por aplicativo também registraram elevações expressivas.

Além disso, o setor de habitação registrou alta de 0,65%, influenciada pelo aumento das tarifas de energia elétrica e água. O reajuste das contas de luz refletiu o retorno da bandeira tarifária amarela em algumas regiões, que encarece a cobrança em períodos de escassez hídrica.

Impactos e perspectivas para a economia

O avanço do IPCA-15 acendeu um sinal de alerta no mercado financeiro e pode dificultar os planos do Banco Central (BC) de manter o ciclo de cortes na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 11,25% ao ano. A inflação acima do esperado pode levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a adotar uma postura mais conservadora nas próximas reuniões, freando a redução da Selic para evitar o risco de descontrole inflacionário.

Economistas avaliam que, embora o aumento seja concentrado em fatores sazonais, como os reajustes escolares, há uma preocupação com o avanço de preços em setores mais sensíveis, como alimentos e transportes. A manutenção de preços elevados por um período prolongado pode corroer o poder de compra das famílias e impactar o consumo, um dos motores do crescimento econômico.

Apesar do cenário desafiador, o governo federal mantém a expectativa de que a inflação deve se estabilizar nos próximos meses, impulsionada por uma possível desaceleração nos preços de alimentos e combustíveis. O Ministério da Fazenda afirma que continuará monitorando o comportamento dos preços e, se necessário, poderá adotar medidas para conter pressões inflacionárias.

Por outro lado, analistas alertam que fatores externos, como a volatilidade no mercado internacional, oscilações no dólar e instabilidades climáticas, podem influenciar o comportamento da inflação no Brasil ao longo do ano. A alta nos preços das commodities agrícolas no mercado internacional também pode pressionar a inflação doméstica.

Reação do mercado e das instituições

O resultado do IPCA-15 provocou reações no mercado financeiro, com queda no valor das ações de empresas sensíveis ao consumo interno e aumento na expectativa de inflação futura. O rendimento dos títulos do governo, atrelados à inflação, também subiu, refletindo a preocupação dos investidores.

Além disso, entidades de defesa do consumidor manifestaram preocupação com o impacto da alta nos preços sobre as famílias de baixa renda, que são mais afetadas pelo aumento de alimentos e serviços básicos. Organizações como o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) pedem ações do governo para mitigar os efeitos do aumento de preços, principalmente em setores essenciais.

O Banco Central divulgará, nos próximos dias, o novo Relatório de Inflação, que pode trazer uma revisão das projeções para 2024. A expectativa do mercado é de que o órgão adote uma postura mais cautelosa diante dos novos dados.

Mais resultados...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors