Ministério Público de São Paulo investiga grupo que lavava dinheiro por meio de ativos digitais com apoio da Binance.
Uma operação do Ministério Público de São Paulo desarticulou uma quadrilha especializada em roubo e receptação de celulares, que utilizava criptomoedas para lavar o dinheiro obtido com os crimes. Com o apoio da corretora Binance, os investigadores conseguiram rastrear os valores e recuperar R$ 260 mil em ativos digitais.
A ação foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Civil, após meses de monitoramento das transações financeiras dos suspeitos. Os criminosos transferiam os valores obtidos com a revenda de celulares para carteiras digitais, dificultando a identificação da origem ilícita dos recursos.
Segundo os promotores, a quadrilha atuava em diversos bairros da capital e também em municípios da Grande São Paulo. Os aparelhos roubados eram rapidamente repassados a receptadores que, por sua vez, convertiam os lucros em criptomoedas. A movimentação financeira chamou atenção pela sofisticação e pelo volume envolvido.
A cooperação com a Binance foi considerada essencial para o avanço das investigações. A plataforma forneceu dados técnicos sobre transações e identificou contas suspeitas, o que permitiu ao MP localizar os responsáveis. Parte dos valores foi bloqueada por decisão judicial e já está sob custódia da Justiça.
Além dos R$ 260 mil recuperados, os agentes apreenderam celulares, computadores, documentos e outros bens de alto valor durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão. Há indícios de que o grupo também tenha envolvimento com crimes cibernéticos, como invasões de contas bancárias e fraudes digitais.
De acordo com os investigadores, a adoção de criptomoedas por organizações criminosas tem se tornado cada vez mais comum. A facilidade de movimentação, aliada à ausência de intermediários tradicionais, torna as operações atraentes para lavagem de dinheiro. A atuação conjunta com corretoras e empresas de tecnologia tem sido fundamental para rastrear esses recursos.
A investigação segue em curso, e novas fases da operação não estão descartadas. O MP apura a participação de outros envolvidos, incluindo possíveis financiadores e operadores do esquema. A expectativa é que, com o cruzamento de informações, novas ramificações do grupo sejam identificadas.
A operação reacende o debate sobre a regulação do mercado de criptomoedas no Brasil. Embora o setor venha avançando em medidas de conformidade, autoridades apontam a necessidade de mais rigor na identificação de usuários e na comunicação de movimentações atípicas às instituições de controle.
O Ministério Público reforça que a colaboração de plataformas digitais é essencial para combater o uso criminoso das criptomoedas. Segundo os promotores, o caso mostra que, mesmo diante de ferramentas tecnológicas complexas, é possível rastrear e recuperar valores desviados quando há integração entre órgãos públicos e empresas do setor.