Setor movimentou R$ 80 bilhões em 2023 e segue em expansão.
O mercado de multipropriedade no Brasil continua em trajetória de crescimento acelerado. Em 2023, o setor movimentou R$ 80 bilhões em vendas, segundo estudo da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (Adit Brasil). A expectativa é que o segmento supere a marca de R$ 100 bilhões em faturamento nos próximos anos, impulsionado pelo aumento da demanda por imóveis compartilhados em destinos turísticos.
A multipropriedade permite que diferentes compradores adquiram frações de um mesmo imóvel para uso em períodos determinados ao longo do ano. Esse modelo, já consolidado nos Estados Unidos e na Europa, tem ganhado força no Brasil, especialmente em cidades turísticas.
Expansão impulsionada pelo turismo interno
O crescimento do setor reflete a valorização do turismo interno, impulsionado pela busca por opções mais acessíveis de hospedagem. Com a alta dos preços de hotéis e a valorização do dólar, muitas famílias têm optado por investir em propriedades compartilhadas, garantindo estadias regulares em destinos turísticos sem o custo integral de uma casa de férias.
Segundo especialistas, a multipropriedade se tornou uma alternativa viável para quem deseja ter um imóvel de lazer sem arcar com os altos custos de manutenção. Além disso, o modelo conta com a administração de operadoras especializadas, que garantem a conservação e o funcionamento dos empreendimentos.
Destinos mais procurados
O estudo aponta que os destinos mais buscados para multipropriedade no Brasil são cidades com forte apelo turístico, como Gramado (RS), Caldas Novas (GO), Olímpia (SP) e Foz do Iguaçu (PR). O litoral nordestino também tem atraído investimentos, com empreendimentos em Porto de Galinhas (PE), Natal (RN) e Fortaleza (CE).
Empresas do setor imobiliário e redes hoteleiras têm ampliado seus investimentos nesse modelo, oferecendo propriedades em resorts de alto padrão. A possibilidade de parcelamento e o aumento da oferta de crédito também têm facilitado a adesão de novos compradores.
Regulamentação e desafios
Apesar do crescimento expressivo, o setor enfrenta desafios relacionados à regulamentação. Em 2018, a Lei 13.777 estabeleceu regras para a multipropriedade, definindo os direitos e deveres dos compradores e das administradoras. No entanto, ainda há discussões sobre a necessidade de maior fiscalização para evitar práticas abusivas, como taxas inesperadas e promessas enganosas durante a venda.
Outro ponto de atenção é a revenda das cotas. Embora o modelo tenha se popularizado, ainda há dificuldades para quem deseja vender sua fração antes do prazo estipulado. Algumas empresas têm investido em plataformas especializadas para facilitar essas transações e garantir maior liquidez aos proprietários.
Perspectivas para os próximos anos
A projeção do mercado é otimista. Com o fortalecimento do turismo nacional e a busca por novas formas de hospedagem, a multipropriedade deve continuar em expansão. A expectativa é que, até 2025, o setor ultrapasse a marca de R$ 100 bilhões em vendas, consolidando-se como uma das principais tendências do mercado imobiliário turístico no Brasil.
Para os consumidores, o modelo representa uma forma acessível de desfrutar de destinos turísticos sem os altos custos de um imóvel exclusivo. Para o setor imobiliário, a multipropriedade se tornou um segmento estratégico, atraindo investimentos e impulsionando o desenvolvimento de novos empreendimentos em todo o país.